4/20/2024

IMPERATRIZ: CEM ANOS DE ELEVAÇÃO POLÍTICA, UMA DATA ESQUECIDA

Nesta segunda-feira, 22, a cidade completa cem anos que deixou a categoria de vila e foi elevada á categoria de cidade

ElsonMAraujo

 

Os historiadores da cidade ainda não conseguiram encontrar documentos que revelem as circunstâncias que levaram o então presidente do Estado do Maranhão Godofredo Mendes Vianna a sancionar a lei 1179/24 que elevou à categoria de cidade a Vila Nova da Imperatriz.  A elevação à categoria de cidade teria sido obra do acaso? A elite da vila teria levantado algum movimento que provocasse a caneta do governador?

O acadêmico e pesquisador Ribamar Silva, membro da Academia Imperatrizense de Letras e do Instituto Histórico de Imperatriz (IHGI) nos últimos meses tem se dedicado ao tema, e diz que não. Pelos documentos pesquisados até agora, segundo ele, não há nada que aponte a existência de uma luta política nesse sentido,  tendo os munícipes sido apanhados de surpresa

A escritora Carlota Carvalho na sua obra O Sertão, subsídio para história e geografia do Brasil, obra lançada, no Rio de Janeiro em 1924, mesmo ano da emancipação política de Imperatriz reforça essa tese.  Na parte da obra dedicada ao “Portal da Amazônia ela, além de não mencionar nada a respeito da emancipação ainda critica duramente a elite política/empresarial da época. Cita nomes como Honório Fernandes Primo, Antônio Chaves, Coriolano de Sousa Milhomem, Félix Alberto Maranhão, Emiliano Herênio Alvares Pereira; José Lopes Teixeira,  Doroteu Alves dos  Santos, e Manoel Herênio Alvares Pereira e ao final escreve:

 “Ninguém, porém, há procurado desenvolver a instrução, aumentar os conhecimentos humanos e elevar a altura e moral do povo”.

É dessa forma que Carlota Carvalho define comportamento da elite da cidade do período da emancipação da cidade. Tema desconhecido ou, por causas ainda desconhecidas fora propositalmente esquecido por ela?

A certidão de nascimento da cidade é de 22 de abril de 1924, um ano, e acordo com o calendário gregoriano bissexto, assim como o 1852, ano da fundação pela carmelita Frei Manoel Procópio. Essa particularidade tem algum significado, assim como o fato de 2024, ano do centenário também ser bissexto? Acredito que não mas, não deixa de ser uma tremenda coincidência.

“Tudo ocorreu sem nenhuma festividade, sem solenidade alguma, ao que se sabe, não foi estourado nenhum rojão em comemoração deste fato histórico da maior importância para a povoação fundada pelo frade carmelita frei Manoel Procópio do Coração de Maria. Talvez por isso mesmo, historicamente , essa data tenha sempre passado em brancas nuvens” comentou Ribamar Silva.

Como não há documentos que demonstrem algum movimento em torno da luta pela elevação de Imperatriz à categoria de cidade, seguindo o curso dos acontecimentos que marcaram a povoação desde sua fundação cabe especulações ou teorias  O próprio Ribamar Silva tem a sua.  Ele acredita que possivelmente a presidência do Estado tinha alguns critérios para tal iniciativa.

“Possivelmente quando determinada povoação atingia um certo número de habitantes ganhava esse direito” especula o pesquisador, que recorda que no mesmo ano também foram elevadas à categoria de cidade as vilas de Carutapera, São Francisco e Icatu.

Naquele tempo estimava-se que a população total de Imperatriz era 9.331 habitantes, dos quais residiam na área urbana cerca de mil pessoas.

Eu também tenho a minha teoria. A vila já tinha uma determinada movimentação econômica tendo as águas do Rio Tocantins como indutoras da economia local, inclusive com a exportação de mão de obra para os castanhais do Pará. Na nossa beira do rio já havia uma grande movimentação comercial e certamente, apesar das dificuldades de comunicação, o governo da época tinha conhecimento disso. Sendo assim, pelo número de habitantes e pelo que a cidade já movimentava economicamente não havia outro caminho a não ser a elevação.

Bem, são especulações e teorias estando o espaço aberto para os pesquisadores da história da região. Por enquanto, a conclusão a que se chega é que a elevação de Imperatriz ao patamar de cidade não contou com nenhuma manifestação das forças políticas\empresariais daquele tempo. Talvez essa ausência de luta  explique  o porquê de Imperatriz ser  uma das únicas cidades do Maranhão que entre as datas magnas, historicamente, celebra a da fundação, 16 de julho de 1852, e não da emancipação política.

Ao longo dos anos  o 22 de abril tem sido lembrado por historiadores e pesquisadores da cidade.  O jornalista e pesquisador Edmilson Sanches cita a data na Enciclopédia de Imperatriz, e sempre que o momento requer, nas suas palestras, também lembra a data esquecida.  O jornalista Coló Filho, de O Progresso, é outro que, uma vez ou outra, chama a atenção para essa página esquecida, ou deixada de lado, da história da terra fundada pelo Frei Manoel Procópio.

A ex-vereadora Mary de Pinho , já falecida, chegou a apresentar e aprovar um projeto de lei pelo qual a data passaria a ser comemorada, mas tal proposição acabou sendo esquecida.

Desde o ano passado que nas quatro linhas da Academia Imperatrizense de Letras (AIL) e do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI), que o resgate desse recorte  da  História de Imperatriz  tem sido um tema permanente. A ideia é não deixar mais que a cidade a esqueça.

 EVENTOS

Pelo menos dois eventos induzidos por essa inquietação histórica\acadêmica   movimentarão Imperatriz nos próximos dias.  Na segunda-feira, dia 22, às 19h por iniciativa do vereador\historiado Carlos Hermes, haverá uma plenária especial para celebrar a data. No dia seguinte, 23,   no mesmo horário, no Templo Central da Assembleia de Deus,  com a participação de 125 congregações , com a presença dos membros  e autoridades da cidade, haverá uma celebração especial.

 

FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE  IMPERATRIZ

 

Elevado à categoria de vila com a denominação de Vila Nova da Imperatriz, pela Lei Provincial n.º 398, de 27-08-1856, desmembrado do município de Chapada atual Grajaú. Sede no atual distrito de vila nova da Imperatriz. Constituído do distrito sede.


Pela Lei Provincial n.º 524, de 09-07-1859, transfere a sede de vila Nova da Imperatriz para a povoação de Porto Franco.


Pela Lei Provincial n.º 631, de 05-12-1862, transfere novamente a sede para Vila Nova da Imperatriz.


Elevado à condição de cidade com a denominação de Imperatriz, pela Lei Estadual n.º 1.179, de 22-04-1924.



 

4/19/2024

No aniversário de 33 anos, AIL ganha do Governo do Estado pintura nova A equipe da Agemsul já concluiu a obra

A equipe da Agemsul    concluiu a obra

 A Academia Imperatrizense de Letras (AIL) é patrimônio cultural e imaterial do Estado do Maranhão, reconhecimento feito pela Assembleia Legislativa do Maranhão por intermédio do então deputado Professor Marco Aurélio. Neste mês, dia 27, a AIL faz aniversário. São 33 anos promovendo a cultura literária de Imperatriz e região. 

Numa parceria com o Governo do Maranhão o prédio do sodalício, construído na década de 1950, ganhou ainda na gestão do então governador Flávio Dino uma reforma geral sem que fossem afetadas suas históricas linhas arquitetônicas que a distingue como uma das mais belas construções da chamada “cidade velha”.

A parceria com o Governo do Maranhão continua. Agora,  em seu aniversário de 33 anos por intermédio da Agemsul- Agêmcia Metropolitana do Sudoeste Maranhense - órgão representativo do governo na região, o Governo do Estado volta a apoiar a Academia com a pintura da fachada, que já estava corroída pela ação do tempo.  O serviço foi concluído esta semana.


O atual presidente da Agemsul, o ex-prefeito do município de Buritirana ,
 Vagtônio Brandão disse que a inciativa da reforma da pintura da fachada da AIL surgiu depois de uma visita ao sodalício e uma conversa com a atual diretoria, presidida pelo acadêmico Raimundo Trajano Neto. Depois disso, , uma a equipe da Agemsul esteve na AIL fez o levantamento das necessidades e o serviço já vai vai ser entregue, antes mesmo da data do aniversário, no próximo dia 27

“Só temos a agradecer ao Governo do Maranhão, pelo apoio de sempre.  Seja na realização da nossa feira do livro e agora por garantir, por meio de seu representante na região Vagtônio Brandão, a reforma da pintura da nossa casa” declarou Raimundo Trajano.

“O Governo Carlos Brandão, tem demostrado um apreço muito grande por Imperatriz, que é polo de toda uma região. E uma dessas demonstrações tem sido o apoio à cultura, a ponto de manter por aqui uma superintendência regional e ser um dos parceiros de sempre do Salão do Livro. Esse gesto com a AIL significa, portanto, mais uma demonstração   do carinho por esse importante casa das letras” comentou o presidente da Agemsul.

 

4/15/2024

Nasce o primeiro projeto de candidatura coletiva para a Câmara Municipal da história política de Imperatriz

 

Marita Ventura, jornalista, Liana Melo, advogada e empreendedora, Cris Barata, terapeuta sistêmica são três mulheres bem sucedidas, reconhecidamente competentes e boas no que costumam fazer; geralmente com muito foco. O trio, depois do incentivo de amigos e o apoio da família, vai protagonizar a primeira candidatura para vereador (a) coletiva da história política de  Imperatriz, uma novidade na cidade.

As três estão filiadas ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que federado com o Cidadania, integra o rol das legendas do arco de apoio do pré-candidato prefeito do PP, Rildo Amaral.

As três amigas, que costumam desenvolver, e sem envolverem juntas em ações e projetos sociais, manifestavam a intenção de gestar uma candidatura para vereadora, mas, entenderam que juntando as forças as chances de uma campanha vitoriosa aumentariam bastante.

“Como não há nenhum impeditivo legal e o Brasil atualmente conta com vários coletivos eleitos, incluindo um na nossa capital, entendemos de seguir juntos e nos apresentar para o eleitorado da cidade” declarou a jornalista Marita Ventura.

“Nossa maior ambição é ganhar a eleição e representar bem, na Câmara Municipal, as mulheres da nossa cidade” comentou Liana Melo.

Já Cris Barata disse que entre as várias motivações para participar da empreitada é constatar a baixa representatividade da mulher no parlamento municipal. “Esperamos que o eleitorado imperatrizense preste bem atenção nas propostas do nosso coletivo e nos conceda a oportunidade de garantir uma das 21 cadeiras da Câmara Municipal” comentou

NOVIDADE 

Mesmo ainda sem constar em uma lei específica, as candidaturas coletivas têm se mostrado uma tendência no Brasil.  A cada ano os projetos coletivos de candidaturas proporcionais só têm aumentado. Dados do próprio Tribunal Superior Eleitoral assinalam que no ciclo eleitoral de 2016 e 2018, chegaram a 96. Já em 2020, foram registradas 257 candidaturas coletivas nas eleições municipais.

Como o próprio modelo sugere, o mandato coletivo se traduz na divisão de um mandato parlamentar entre mais de uma pessoa.  Não existe hierarquia e as decisões, dentro de um entendimento prévio, são colegiadas.

Como não existe uma lei que regulamenta a inovação o que há previamente, umas vez definido o projeto, o partido, a linha de atuação, bandeiras, é um acordo entre as partes que para ganhar força legal, muitas ou  quase todas as vezes é registrado em cartório.  No caso de eleição, apenas a cabeça da chapa tem os direitos de um parlamentar, tais como discursar no parlamento, integrar comissões, mas tudo com base nas decisões tomadas coletivamente, incluindo a formação do gabinete e a divisão do subsidio.

 

 

4/01/2024

Candidaturas coletivas são realidades no Brasil

 

Candidaturas coletivas são realidades no Brasil

Mais democracia no parlamento brasileiro.

 

ElsonMAraújo

 

Toda eleição dois temas aparecem com frequência no País.  E a cada uma delas, com mais força. O primeiro, é a possibilidade do registro de candidatos avulsos, ou seja, sem filiação partidária.

Brasil afora, mesmo sabendo que segundo a Constituição Federal de 1988 que uma das condições de elegibilidade é estar filiado a um partido político, diversos candidatos tentam registrar-se nesse formato. Como não poderia deixar de ser, pela inconstitucionalidade esses pedidos são barrados pela Justiça Eleitoral.  O tema se tornou tão repetitivo que “entrou na fila da repercussão geral” do Supremo Tribunal Federal (STF)  tendo chegado àquele tribunal em sede de Recurso Extraordinário.

Incluída pela Emenda Constitucional 45 de 2004, a repercussão geral é um dos requisitos de admissibilidade do recurso extraordinário no STF, sendo selecionado para análise de acordo com critérios de relevância jurídica, política, social ou econômica, (Art 1035 do Código de Processo Civil de 2015). Justamente no que se enquadrou o caso das candidaturas avulsas, ainda sem data para uma definição por parte do STF.

O segundo tema, por enquanto sem muitas ou quase nenhuma controvérsia, porque ainda não há   nenhuma lei que permita ou que proíba, são as candidaturas proporcionais (deputado/vereador) coletivas.

Mesmo ainda sem constar em uma lei específica, a inovação tem se mostrado uma incipiente tendência no Brasil.  A cada ano os projetos coletivos de candidaturas proporcionais só têm aumentado. Dados do próprio Tribunal Superior Eleitoral assinalam que no ciclo eleitoral de 2016 e 2018, chegaram a 96. Já em 2020, foram registradas 257 candidaturas coletivas nas eleições municipais.

Como o próprio modelo sugere, o mandato coletivo se traduz na divisão de um mandato parlamentar entre mais de uma pessoa.  Não existe hierarquia e as decisões, dentro de um entendimento prévio, são colegiadas.

Como não existe uma lei que regulamenta a inovação o que há previamente, umas vez definido o projeto,  o partido, a linha de atuação, bandeiras,  é um acordo entre as partes que para ganhar força legal , muitas ou  quase todas as vezes é registrado em cartório.

Como não há regramento previsto em lei, caso eleito, apenas a cabeça da chapa tem os direitos de um parlamentar, tais como discursar no parlamento, integrar comissões, mas tudo com base nas decisões tomadas coletivamente, incluindo a formação do gabinete e a divisão do subsidio.

Em 2022, com a chegada da novidade, houve um posicionamento do TSE que autorizou a menção do grupo coletivo na composição do nome do candidato ou candidata nas peças de campanha.

O entendimento atual daquela corte é que esse modelo representa mais uma maneira de ser promover a candidatura. Na época, o ministro Luiz Edson Fachin explicou que o registro permanece de caráter individual, justamente porque ainda não há na legislação brasileira o conceito de candidatura coletiva, mas pode ser promovida e anunciada para o eleitorado. A novidade naquele momento foi a autorização para que o nome do coletivo, além da foto do detentor (a) do registro, constasse na urna eletrônica.

Atualmente tramitam na Câmara dos Deputados pelo menos três propostas que buscam regulamentar as candidaturas coletivas. O projeto de Emenda Constitucional (PEC -379/17) e o Projeto de Lei 4475/20.  A outra proposta é o Projeto de Lei 4724/20,  que cria a figura dos coparlamentares.

Apesar dessas iniciativas, convém ressaltar que há outra corrente de pensamento legislativo que é contrária aos projetos coletivos de candidaturas proporcionais, mas ao que parece, pela força da iniciativa tudo indica ser um caminho sem volta, assim como deve ser, lá na frente, a autorização para as candidaturas sem partido. Mais democracia no parlamento brasileiro.

 

 

 

 

 

3/25/2024

SOMOS MAIS DE UM

 

ElsonMAraújo

 

Somos mais de um, em um corpo só. O mais forte é aquele que alimentamos melhor

 

Na ficção, o filme Fragmentado causou espanto ao evidenciar um vilão que dava vida, ou melhor, acumulava várias personalidades. Cada uma com suas peculiaridades. Uma sem nenhuma comunicação com a outra, a não ser o corpo aparente. Um filme que merece ser visto mais de uma vez para uma melhor compreensão.

A produção de 2016, dirigido M.Nigth Shyamalan , gira em torno do personagem Kevin, que possui 24 personalidades distintas e consegue alterná-las quimicamente com  força do pensamento. O filme é inspirado no documentário “Monstros interiores: as 24 personalidades de Bily Milligam”

Em miúdo, a produção mostrou, com os devidos descontos, um distúrbio que tem nome, e é objeto de estudos profundos. Denomina-se transtorno dissociativo de identidade, anteriormente denominado transtorno de personalidade múltipla, que é quando duas ou mais identidades se alternam no controle da mesma pessoa.

Pode ser considerado raro, mas existe. E Sem trocadilho: há muitas pessoas com personalidades múltiplas mórbidas, e nem sabem disso.

Ano passado, se não me falha a memória, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu uma reportagem especial sobre o tema. Vi a matéria, fundamentada com algumas entrevistas de pessoas supostamente com o disturbio, que logo me reconduziu à memória de fragmentado. A matéria mostrou que de fato estudos comprovam que é possível que um ser humano acumule personalidades distintas. Ali, pude constatar que ainda há muito, mais muito, no ser humano, principalmente as coisas produzidas no cérebro, para ser estudado.

Há mais de duas semanas que me debruço sobre uma versão digital do livro “Cérebro: Uma biografia”, do neurocientista e professor da Universidade Stanford (EUA) David Eagleman. Uma obra inquietante, publicada em 2017, onde o autor com muita base científica, mas de modo bem didático, dá detalhes sobre alguns dos aspectos estudados e conhecidos de um dos órgãos humano dos mais pesquisados.  No atual grau de evolução  do homo sapiens, essa massa se apresenta com um quilo e meio, e conforme o autor, abriga cerca de 86 bilhões de células nervosas, além muitos mistérios.

Em algumas passagens do livro é possível atentar para  complexidade do funcionamento do cérebro humano, principalmente quando ele fala do controle de impulsos e do complicado ato de escolher.

Nunca imaginei que uma simples escolha mobilizasse, inconscientemente, tantos mecanismos internos e tantas batalhas de Eus, até se materializar. O autor de uma biografia do cérebro para se fazer entender refere-se ao conflito do ato de escolher como um verdadeiro parlamento neural, onde diversos partidos políticos rivais se digladiam para comandar o Estado.

“Somos criaturas complexas de muitos impulsos e todos eles querem ter o controle” escreve David Eagleman que completa: Sem a capacidade de pesar alternativas, seríamos reféns de nossos impulsos mais fundamentais. Nosso cérebro faz avaliações sociais constantemente. O cérebro tem instintos inatos para contactar quem é digno de confiança e quem não é”

Nesse momento não teve como não ser reconduzido, pela enésima vez, a alguns momentos do filme   Fragmentado.

Pensando bem, desconsiderando-se as situações que carecem de intervenção psiquiátrica, se a gente parar e pensar um pouquinho sobre nosso comportamento de todos os dias e de todas as horas, logo vamos descobrir que na verdade todos nós, somos mais de um. Não é loucura. Em determinado momento surge um EU simpático, educado, em outro, um EU diverso agressivo, insensível; e capaz de múltiplas maldades, se não for contido. São EUS que não se pode contar, num conflito permanente.

Depois da leitura de Cérebro: uma biografia, uma conclusão elementar: é preciso que adquiramos a consciência de que, queiramos ou não, em regra somos seres múltiplos que ocupam um único corpo e os que prevalecem são aqueles que mais alimentamos. Se o alimentarmos, crescem tanto os EUS do bem, quanto os EUS do Mal.

O EU que gosta e o que não gosta de leitura, o vilão e o bandido, o político e o apolítico, o ansioso e o não ansioso, o seguro e o inseguro, enfim, são EUS em quantidades difíceis de contar, mas que necessitam de vigilância consciente para que a gente não perca o controle e venha precisar de apoio psiquiátrico.

O curioso quando a gente descobre que todas essas batalhas de EUS, ocorrem na escuridão das quatro linhas dessa massa cinzenta, muito bem protegida numa caixa craniana, e que é responsável pela conexão todas as funções físicas e emocionais (consciente e inconsciente), e as ações voluntárias e involuntárias do nosso corpo.

Indo para o final, a ciência já comprovou que o desenvolvimento físico do ser humano é céfalo/caudal. Denominação esquisita para dizer que tal desenvolvimento ocorre da cabeça para o resto do corpo.  O equilíbrio primeiro é o da cabeça.  Depois segue o fluxo.

É de supor que se esse fenômeno ocorre da cabeça para os pés porque há algo muito importante e valioso ali que não pode sofrer danos, e que precisa ser preservado.  Um santo graal chamado cérebro.

Danifique-se esse órgão, e a depender da região afetada, o ser humano sofre mudanças físicas e comportamentais. Pode se perder os movimentos de membros, e até ter nossos festejados sentidos sensoriais, como o olfato, paladar, tato, visão e audição, avariados.

Não sou eu quem digo, são os estudos realizados e os fatos. Quando alguém sofre um derrame cerebral grave, um acidente doméstico ou de trânsito, e bate forte na cabeça, por exemplo, é comum surgirem “defeitos” graves. Nosso colega jornalista Aurino Brito, de saudosa memória, sofreu anos atrás um AVC e embora não tenha perdido movimento dos membros inferiores e superiores, teve a área do cérebro responsável pela fala afetada, e nunca mais pode falar.  Cito ele, mas temos vários exemplos.

E de volta à Cérebro: uma biografia, encerro o texto deste final e início de semana com uma frase do autor sobre os mistérios do Cérebro: “O corpo com que chegamos é, na realidade, apenas o ponto de partida para a humanidade

 

 

 

 

 

 

 

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3/03/2024

OS CEM ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE IMPERATRIZ

                                                     Godofredo Viana, presidente do Maranhão 
                                                     em 1924

ElsonMAraujo

 

Imperatriz é uma das únicas cidades do Maranhão que entre as datas magnas, historicamente, celebra a da fundação, 16 de julho de 1852, e não da emancipação política, ocorrida dia 22 de abril de 1924, como acontece com a grande maioria dos municípios maranhenses.  Nesse aspecto, junta-se a São Luís, a capital maranhense fundada pelos franceses a oito de setembro de 1612, fundada no curso do segundo século da chegada dos europeus nas terras do pau brasil.

De forma esparsa já tem algum tempo que o 22 de abril é lembrado por historiadores e pesquisadores da cidade.  O jornalista e pesquisador Edmilson Sanches cita a data na Enciclopédia de Imperatriz, e sempre que o momento requer, nas suas palestras, também lembra a data esquecida.  O jornalista Coló Filho, de O Progresso, é outro que, uma vez ou outra, chama a atenção para essa página esquecida, ou deixada de lado, da história da terra fundada pelo Frei Manoel Procópio.

Com a criação do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI), ao considerar-se que em abril próximo ocorre o centenário de emancipação política da cidade, o tema passou a ser objeto de pesquisa de seus membros; destacando-se o acadêmico Ribamar Silva, que também tem assento na Academia Imperatrizense de Letras.

Ribamar escreve um livro sobre a implantação do Poder Legislativo em Imperatriz, e ao mergulhar fundo nas pesquisas para a construção da obra despertou curiosidade sobre os acontecimentos, os movimentos e os atores políticos da época que teriam motivado o então mandatário do Estado Godofredo Viana a assinar a certidão do nascimento político/administrativo da hoje, oficialmente, segunda capital do Estado.

Os levantamentos do pesquisador já deram lugar uma palestra e o assunto foi tema da reabertura do ano acadêmico da Academia Imperatrizense de Letras, logo depois do Carnaval. Ao lançar luzes sobre o tema Ribamar Silva levantou uma polêmica ao intuir que diferente do que ocorrera em outros municípios maranhenses a emancipação não decorreu de nenhuma luta ou bandeira levantada pela incipiente Imperatriz do final do primeiro quartel do século XX.  Não foi encontrado por ele nenhum documento, publicação ou texto que indique algum movimento prévio, ou comemoração para recepcionar a boa nova. Para ele, a cidade teria recebido a notícia com apatia.

Com a citada descoberta, Ribamar abre espaço para futuras pesquisas sobre o período que antecedeu o ato que culminou com a emancipação política da cidade. A decisão do governador Godofredo Viana teria sido mera obra do acaso? Ou teria decorrido de alguma luta dos políticos e a elite econômica da então povoação daqueles ido.  Espaço aberto para  a quem interessar possa, buscar subsídios para contrariar as pesquisas do pesquisador Ribamar Silva ou apresentar, documentalmente, provas de algum movimento emancipacionista da época capaz de ter sensibilizado o então presidente do Estado do Maranhão, como era denominada a figura do governador, que na mesma ocasião emancipou num bolo só as vilas de  Carutapera,  São Francisco, Icatu,  e São Miguel.

Sobre a fundação de Imperatriz há muita literatura nos diversos formatos, mas nada sobre a emancipação.  Por enquanto não se deparou com nada nos arquivos históricos.

No livro O Sertão ,  subsídios para a história e geografia do Brasil, da escritora maranhense, Carlota Carvalho, publicado em 1924, ela cita alguns nomes que compunha a elite econômica e  política  da cidade daqueles tempos, tais como Honório Fernandes Primo,  Antônio Chaves,  Coriolano de Sousa Milhomem, Félix Alberto Maranhão,  Emiliano Herênio Alvares Pereira;  José Lopes Teixeira,  Doroteu Alves dos  Santos, e Manoel Herênio Alvares Pereira, mas não faz qualquer referência a algum movimento emancipacionista levada a efeito por eles.

Ela ainda escreve “ninguém, porém, há procurado desenvolver a instrução, aumentar os conhecimentos humanos e elevar a altura e moral do povo”. É dessa forma que Carlota Carvalho define comportalmente a elite da cidade do período da emancipação da cidade. Tema desconhecido ou, por causas ainda desconhecidas fora propositalmente esquecido por ela?

 

                                                     Cópia da Lei que emancipou Imperatriz

 

 

 

1/20/2024

O FIM DO PODER

 



ElsonMAraujo

 Sempre gostei de revisitar leituras. Tenho o hábito de me apegar principalmente àquelas que desafiam a compreensão e despertam o pensamento crítico. Revejo todas as marcações, numa espécie de renovação do diálogo com o autor e seu pensamento. No início desta semana, assim meio que por acaso, reencontrei O Fim do Poder, livro elogiadíssimo de Moisés Naím, ex-ministro do Desenvolvimento da Venezuela, entre o final da década de 1980 e início dos anos 1990 e que na época do lançamento, não sei se ainda continua, era diretor executivo do Banco Mundial.

 Deparei-me com o Fim do Poder enquanto limpava uma gaveta. Olhei para ele, ele olhou para mim, e não demorou muito engatamos uma nova conversa. 

 Mirei nas marcações deixadas no curso do nosso primeiro encontro. Mesmo sendo de 2015, o livro é um relato daquilo que continua a ocorrer com as estruturas de poder, que na avaliação do autor, passam por um processo de degradação que está mudando o mundo.  Além, diz ele, de passar por um processo de mutação muito mais fundamental e que ainda não foi suficientemente reconhecida e compreendida.

 Ao prosseguir com o passeio pelas minhas marcações reli:  

Um exército grande e moderno não garante mais por si só que um país irá alcançar suas metas estratégicas. 

Nesta marcação lembrei imediatamente da invasão da Ucrânia pela Rússia, ocorrida na última quinta-feira, 24 de fevereiro, e da luta diplomática da Otan- Organização do Tratado do Atlântico Norte- para conter os ímpetos do Putin, e evitar mais uma guerra do conflagrado continente europeu. 

 Acredita-se que sedento de poder Putin ambicione, com o apoio da China, reeditar a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –URSS- Lá atrás, lembre-se, ele já anexou a Criméia. 

 Com o fim da URSS houve uma fragmentação do poder russo e a diminuição da sua influência no mundo. Com isso, os Estados Unidos e outras nações assumiram essa vanguarda. Putin, na avaliação dos especialistas em política internacional, estaria tentando reassumir a posição global perdida, e que a invasão da Ucrânia seria apenas o início de uma ambição maior. 

 O livro de Moisés Naím é instigante porque o autor conduz o leitor a refletir sobre as formas como o poder é manejado no mundo corporativo, pelas lideranças religiosas e pelos líderes das nações, como Putin, o exemplo da vez; além de refletir sobre o risco dos excessos e da sua fragmentação, com o surgimento do que ele chama de micropoderes. 

 Neste 2022, que se abre para uma guerra de possíveis consequências globais, O Fim de Poder é uma leitura importante para que se compreenda um pouco do que acontece hoje com a alma do poder. A iniciada guerra da Rússia contra a Ucrânia é o que me sobreveio com essa nova conversa com o livro do Naím, mas também a obra remete a uma reflexão em torno de outras estruturas de poder, fora do eixo das nações.

 O poder está passando daqueles que têm mais força bruta para os que têm mais conhecimentos, dos países do Norte para os do Sul e do ocidente para o oriente, dos velhos gigantes corporativos para as empresas mais jovens e ágeis, dos ditadores aferrados ao poder para o povo que protesta nas praças e nas ruas, dos homens para as mulheres, dos mais velhos para os mais jovens. (M.N) 

 Mais do que exercer o poder, a sensação que ele oferece é a explicação mais plausível para que homens e corporações se joguem em lutas fraticidas para conquistá-lo. Junte-se a isso, o medo de perdê-lo.  Talvez esteja aí uma das explicações de foro íntimo para que Vladimir Putin tenha, a princípio, articulado sua permanência no comando da Rússia por tempo indeterminado, e agora parta para anexar as nações que se desprenderam da “mamãe Rússia” com o fim da chamada “guerra fria”.  

 Moisés Naím não disseca só o poder no ambiente da geopolítica. Ele também cai para o campo das religiões onde acentua que de modo semelhante o arraigado, e histórico, poder das grandes religiões organizadas tem declinado num ritmo incrível. Cita, por exemplo, o avanço dos pentecostais, algo que é visível principalmente, nas palavras do autor, nos países que já foram fortaleza do vaticano. 

 Outra marcação voltou a chamar minha atenção.  Uma que dizia que nos últimos trinta anos as barreiras que protegem o poder foram se enfraquecendo num ritmo muito rápido sendo mais fácil vencê-las, passar por cima delas ou driblá-las” 

 *“O poder não é mais o que era antes, não é mais privilégio de poucos” (M.N)*

 Espaço pequeno para falar sobre o inteiro teor de O Fim do Poder, leitura gostosa, sobre um tema complexo, mas que autor consegue deixá-lo perfeitamente palatável e compreensível.   

 Fico por aqui, mas deixo o pensamento de um   autor que também se debruçou muito sobre o estudo do poder: Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido como Montesquieu, que na sua imortal obra o Espirito das Leis, escrita no século XVIII, escreveu que todos que detêm o poder tendem a abusar dele, e que só o poder detém o poder, numa alusão aos limites que a este deve ser imposto. Atual, não é?

 

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