3/03/2024

OS CEM ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE IMPERATRIZ

                                                     Godofredo Viana, presidente do Maranhão 
                                                     em 1924

ElsonMAraujo

 

Imperatriz é uma das únicas cidades do Maranhão que entre as datas magnas, historicamente, celebra a da fundação, 16 de julho de 1852, e não da emancipação política, ocorrida dia 22 de abril de 1924, como acontece com a grande maioria dos municípios maranhenses.  Nesse aspecto, junta-se a São Luís, a capital maranhense fundada pelos franceses a oito de setembro de 1612, fundada no curso do segundo século da chegada dos europeus nas terras do pau brasil.

De forma esparsa já tem algum tempo que o 22 de abril é lembrado por historiadores e pesquisadores da cidade.  O jornalista e pesquisador Edmilson Sanches cita a data na Enciclopédia de Imperatriz, e sempre que o momento requer, nas suas palestras, também lembra a data esquecida.  O jornalista Coló Filho, de O Progresso, é outro que, uma vez ou outra, chama a atenção para essa página esquecida, ou deixada de lado, da história da terra fundada pelo Frei Manoel Procópio.

Com a criação do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI), ao considerar-se que em abril próximo ocorre o centenário de emancipação política da cidade, o tema passou a ser objeto de pesquisa de seus membros; destacando-se o acadêmico Ribamar Silva, que também tem assento na Academia Imperatrizense de Letras.

Ribamar escreve um livro sobre a implantação do Poder Legislativo em Imperatriz, e ao mergulhar fundo nas pesquisas para a construção da obra despertou curiosidade sobre os acontecimentos, os movimentos e os atores políticos da época que teriam motivado o então mandatário do Estado Godofredo Viana a assinar a certidão do nascimento político/administrativo da hoje, oficialmente, segunda capital do Estado.

Os levantamentos do pesquisador já deram lugar uma palestra e o assunto foi tema da reabertura do ano acadêmico da Academia Imperatrizense de Letras, logo depois do Carnaval. Ao lançar luzes sobre o tema Ribamar Silva levantou uma polêmica ao intuir que diferente do que ocorrera em outros municípios maranhenses a emancipação não decorreu de nenhuma luta ou bandeira levantada pela incipiente Imperatriz do final do primeiro quartel do século XX.  Não foi encontrado por ele nenhum documento, publicação ou texto que indique algum movimento prévio, ou comemoração para recepcionar a boa nova. Para ele, a cidade teria recebido a notícia com apatia.

Com a citada descoberta, Ribamar abre espaço para futuras pesquisas sobre o período que antecedeu o ato que culminou com a emancipação política da cidade. A decisão do governador Godofredo Viana teria sido mera obra do acaso? Ou teria decorrido de alguma luta dos políticos e a elite econômica da então povoação daqueles ido.  Espaço aberto para  a quem interessar possa, buscar subsídios para contrariar as pesquisas do pesquisador Ribamar Silva ou apresentar, documentalmente, provas de algum movimento emancipacionista da época capaz de ter sensibilizado o então presidente do Estado do Maranhão, como era denominada a figura do governador, que na mesma ocasião emancipou num bolo só as vilas de  Carutapera,  São Francisco, Icatu,  e São Miguel.

Sobre a fundação de Imperatriz há muita literatura nos diversos formatos, mas nada sobre a emancipação.  Por enquanto não se deparou com nada nos arquivos históricos.

No livro O Sertão ,  subsídios para a história e geografia do Brasil, da escritora maranhense, Carlota Carvalho, publicado em 1924, ela cita alguns nomes que compunha a elite econômica e  política  da cidade daqueles tempos, tais como Honório Fernandes Primo,  Antônio Chaves,  Coriolano de Sousa Milhomem, Félix Alberto Maranhão,  Emiliano Herênio Alvares Pereira;  José Lopes Teixeira,  Doroteu Alves dos  Santos, e Manoel Herênio Alvares Pereira, mas não faz qualquer referência a algum movimento emancipacionista levada a efeito por eles.

Ela ainda escreve “ninguém, porém, há procurado desenvolver a instrução, aumentar os conhecimentos humanos e elevar a altura e moral do povo”. É dessa forma que Carlota Carvalho define comportalmente a elite da cidade do período da emancipação da cidade. Tema desconhecido ou, por causas ainda desconhecidas fora propositalmente esquecido por ela?

 

                                                     Cópia da Lei que emancipou Imperatriz

 

 

 

1/20/2024

O FIM DO PODER

 



ElsonMAraujo

 Sempre gostei de revisitar leituras. Tenho o hábito de me apegar principalmente àquelas que desafiam a compreensão e despertam o pensamento crítico. Revejo todas as marcações, numa espécie de renovação do diálogo com o autor e seu pensamento. No início desta semana, assim meio que por acaso, reencontrei O Fim do Poder, livro elogiadíssimo de Moisés Naím, ex-ministro do Desenvolvimento da Venezuela, entre o final da década de 1980 e início dos anos 1990 e que na época do lançamento, não sei se ainda continua, era diretor executivo do Banco Mundial.

 Deparei-me com o Fim do Poder enquanto limpava uma gaveta. Olhei para ele, ele olhou para mim, e não demorou muito engatamos uma nova conversa. 

 Mirei nas marcações deixadas no curso do nosso primeiro encontro. Mesmo sendo de 2015, o livro é um relato daquilo que continua a ocorrer com as estruturas de poder, que na avaliação do autor, passam por um processo de degradação que está mudando o mundo.  Além, diz ele, de passar por um processo de mutação muito mais fundamental e que ainda não foi suficientemente reconhecida e compreendida.

 Ao prosseguir com o passeio pelas minhas marcações reli:  

Um exército grande e moderno não garante mais por si só que um país irá alcançar suas metas estratégicas. 

Nesta marcação lembrei imediatamente da invasão da Ucrânia pela Rússia, ocorrida na última quinta-feira, 24 de fevereiro, e da luta diplomática da Otan- Organização do Tratado do Atlântico Norte- para conter os ímpetos do Putin, e evitar mais uma guerra do conflagrado continente europeu. 

 Acredita-se que sedento de poder Putin ambicione, com o apoio da China, reeditar a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –URSS- Lá atrás, lembre-se, ele já anexou a Criméia. 

 Com o fim da URSS houve uma fragmentação do poder russo e a diminuição da sua influência no mundo. Com isso, os Estados Unidos e outras nações assumiram essa vanguarda. Putin, na avaliação dos especialistas em política internacional, estaria tentando reassumir a posição global perdida, e que a invasão da Ucrânia seria apenas o início de uma ambição maior. 

 O livro de Moisés Naím é instigante porque o autor conduz o leitor a refletir sobre as formas como o poder é manejado no mundo corporativo, pelas lideranças religiosas e pelos líderes das nações, como Putin, o exemplo da vez; além de refletir sobre o risco dos excessos e da sua fragmentação, com o surgimento do que ele chama de micropoderes. 

 Neste 2022, que se abre para uma guerra de possíveis consequências globais, O Fim de Poder é uma leitura importante para que se compreenda um pouco do que acontece hoje com a alma do poder. A iniciada guerra da Rússia contra a Ucrânia é o que me sobreveio com essa nova conversa com o livro do Naím, mas também a obra remete a uma reflexão em torno de outras estruturas de poder, fora do eixo das nações.

 O poder está passando daqueles que têm mais força bruta para os que têm mais conhecimentos, dos países do Norte para os do Sul e do ocidente para o oriente, dos velhos gigantes corporativos para as empresas mais jovens e ágeis, dos ditadores aferrados ao poder para o povo que protesta nas praças e nas ruas, dos homens para as mulheres, dos mais velhos para os mais jovens. (M.N) 

 Mais do que exercer o poder, a sensação que ele oferece é a explicação mais plausível para que homens e corporações se joguem em lutas fraticidas para conquistá-lo. Junte-se a isso, o medo de perdê-lo.  Talvez esteja aí uma das explicações de foro íntimo para que Vladimir Putin tenha, a princípio, articulado sua permanência no comando da Rússia por tempo indeterminado, e agora parta para anexar as nações que se desprenderam da “mamãe Rússia” com o fim da chamada “guerra fria”.  

 Moisés Naím não disseca só o poder no ambiente da geopolítica. Ele também cai para o campo das religiões onde acentua que de modo semelhante o arraigado, e histórico, poder das grandes religiões organizadas tem declinado num ritmo incrível. Cita, por exemplo, o avanço dos pentecostais, algo que é visível principalmente, nas palavras do autor, nos países que já foram fortaleza do vaticano. 

 Outra marcação voltou a chamar minha atenção.  Uma que dizia que nos últimos trinta anos as barreiras que protegem o poder foram se enfraquecendo num ritmo muito rápido sendo mais fácil vencê-las, passar por cima delas ou driblá-las” 

 *“O poder não é mais o que era antes, não é mais privilégio de poucos” (M.N)*

 Espaço pequeno para falar sobre o inteiro teor de O Fim do Poder, leitura gostosa, sobre um tema complexo, mas que autor consegue deixá-lo perfeitamente palatável e compreensível.   

 Fico por aqui, mas deixo o pensamento de um   autor que também se debruçou muito sobre o estudo do poder: Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido como Montesquieu, que na sua imortal obra o Espirito das Leis, escrita no século XVIII, escreveu que todos que detêm o poder tendem a abusar dele, e que só o poder detém o poder, numa alusão aos limites que a este deve ser imposto. Atual, não é?

 

*IMPERATRIZ 200 MIL ELEITORES* Faltam pouco mais de nove mil votos para atingir meta, garante juiz eleitoral_


"Dá para chegar", declarou o juíz eleitoral Delvan Tavares Oliveira,  numa entrevista de capa na edição desta quinta-feira, 18, ao *Jornal O Progresso*  ao destacar o empenho da *Justiça Eleitoral* para que Imperatriz passe a figurar no seleto grupo dos municípios brasileiros com mais de 200 mil eleitores, e consequentemente segundo turno.

 De acordo com a legislação brasileira para ter direito a votar na escolha do prefeito em dois turnos, os municípios precisam alcançar 200 mil eleitores.  Segundo Delvan Tavares  faltam pouco mais de 9 mil votos para a meta ser atingida, daí o otimismo dele.

 *O prazo final para fazer o título eleitoral é 8 de maio*.  Até lá,  garante o magistrado, para atingir os 200 mil eleitores, a *Justiça Eleitoral*  vai continuar o trabalho de convencimento do eleitor e chegar a todas as comunidades do município.

 A escolha do candidato a prefeito,  governador e presidente em dois turnos é considerada a mais democrática de todas. Nesse modelo,  para garantir a eleição em primeiro turno,  o candidato ou candidata precisa obter mais de 50% dos votos válidos. Caso contrário, a eleição terá um segundo turno, com os dois mais bem votados no primeiro turno,  na disputa. (ElsonMAraujo)

11/11/2023

A FORÇA HISTÓRICA DO SERTÃO MARANHENSE


ElsonMAraujo

Como membro da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), onde ocupo a Cadeira 02,  fundada pelo advogado, jornalista, político , escritor e historiador, Salvio Dino, e que tem como patrono Parsondas de Carvalho, tenho tido a deliciosa oportunidade, uma vez ou outra, de me deparar com questões históricas, há muito esquecidas, sobre a formação  cultural e populacional do sertão maranhense, a partir  dos “Pastos Bons” , a povoação que dera a origem à grande maioria dos municípios que forma hoje o que passamos a chamar de região tocantina maranhense, no Sudoeste do Maranhão.

A curiosidade tem me empurrado para os caminhos da história. A procurar obras esquecidas, e até desconhecidas, a conversar com os confrades sobre temas diversos a respeito de como se procedeu a formação desse conglomerado de cidades e gentes de todas a regiões do Brasil e do mundo, onde hoje habitamos e que reúne, se não tiver ultrapassado, cerca de um milhão de habitantes.

Do conjunto do que li, até agora, já é possível afirmar que, a quem interessar possa, nossa história rende dezenas, ou centenas de roteiros para séries, minisséries, e cinema propriamente dito. Estamos numa região gestada com   sangue, suor, e tonéis de lágrimas e personagens épicos.

A AIL tem o privilégio de abrigar entre seus membros quem sempre se preocupou em resgatar os fatos importantes ocorridos nessa banda do Maranhão; principalmente aqueles ocorridos no final do século XVIII e da inteireza do século XIX. Seja no modelo de romance, como bem tem feito o advogado e escritor Agostinho Noleto, no formato de pesquisas acadêmicas (teses e dissertações) como fazia muito bem o já falecido professor João Renôr Ferreira de Carvalho, ou por pura vocação histórica, como tem feito ao longo da vida o incansável Edmilson Sanches, o pesquisador literário e poeta Ribamar Silva, o acadêmico Domingos Cezar, o polemista histórico Sálvio Dino e o saudoso Adalberto Franklim.  Expoentes da pesquisa histórica da AIL que merecem reconhecimento.

Adalberto Franklim é um capítulo à parte. Como editor, um dos maiores do Maranhão, e com uma queda pela história, tanto que se tornou membro, assim como o confrade Sanches, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, e diante da sua Ética Editora, resgatou e publicou elos perdidos (esquecidos) da história da região, do Maranhão e do Brasil.  Foi assim, que há 17 anos, junto com confrade João Renôr Ferreira de Carvalho, trouxe a lume um dos mais importantes documentos históricos publicados no País, na primeira metade do século XX:  o livro O Sertão, subsídios para a história e a geografia do Brasil, da escritora sertaneja Carlota Carvalho.

O livro, uma obra ambiciosa lançada no Rio de Janeiro, em 1924, pela Empresa Editora de Obras Cientificas e Literárias, que alcançou repercussão nacional. Um apurado trabalho de pesquisa histórica/geográfica com citações de fontes, que passam pelos principais fatos da história do Brasil com ênfase a episódios que marcaram a história do Maranhão.  Um trabalho de fôlego onde a autora não se limita à simples narrativa histórica, mas, faz questão de retratar seu olhar crítico sobre fatos e personagens muitas vezes romantizados pela história convencional.

Percebe-se na leitura de O Sertão, uma escritora destemida, detalhista e extremante culta, que bebia nos grandes clássicos da literatura mundial e que manuseava com maestria as palavras. Talvez por isso, por puro preconceito, tenha surgido a “tese” de que não teria sido dela, mas sim do irmão, Parsondas de Carvalho, a verdadeira autoria da obra. Tese polêmica defendida por Salvio Dino, que lhe rendeu vários artigos, palestras e até um livro. Confesso que cheguei a me filiar nessa corrente por ter ouvido, até então só um lado.  Depois da atenta leitura de O Sertão, meu entendimento mudou. Acredito até que o irmão de Carlota, por ser um homem das letras, por ter conhecido cada palmo, cada canto, cada nascente, cada córrego, rios e riachos, morros e serras do sertão maranhense, e por, na sua época, ser uma pessoa muito influente na província, em algum momento tenha contribuído para a construção do manuscrito, mas pelo menos para mim, até provas em contrário, a obra é mesmo de Carlota Carvalho.

Pela importância de o Sertão para a história do Brasil e do Maranhão, bem como do sertão maranhense, garanto que um ano seria insuficiente para dissecar a obra. São muitas informações, pedaços soltos da nossa história que merecem uma melhor investigação acadêmica. De tão importante, a obra já virou até tese de doutorado, na Unisinos (RS), da lavra da professora doutora Regina Célia, hoje do corpo diretivo da Universidade Estadual da Região Tocantina Maranhense (UEMASUL).


Atraída pela obra de Carlota, Regina  Célia defendeu a tese  intitulada  Por caminhos de terra e de tinta: a trajetória de Carlota Carvalho, uma escritora nos sertões maranhenses (séculos XIX e XX), que teve como objetivo investigar a trajetória da professora e escritora Carlota Carvalho, buscando compreender os elementos que constituíram sua formação intelectual, bem como o significado que sua obra “O Sertão” teve para a historiografia do Brasil e, em especial, para aquela que se debruçou sobre o sul maranhense.

Sobre Carlota, Regina Célia escreve que ela foi uma professora normalista, nascida em meados do século XIX nos anos finais do império no sertão maranhense a partir dos primeiros anos da República. Além de escrever o Sertão, ela teria escrito vários artigos sobre temas atinentes ao homem e à mulher sertanejos.

O Sertão, de Carlota Carvalho, além de uma deliciosa e construtiva leitura é um grato convite para a geração de hoje conhecer melhor o torrão onde pisamos. Um verdadeiro um tesouro com um pé na ciência e outro na literatura.

Do livro (risos) só não gosto de uma parte dedicada à então incipiente Imperatriz.

“Falando da Vila Imperatriz em particular, diremos que bom só tem o homem que a habita”.

Não tem uma biblioteca, não tem um grêmio em que possa haver uma conversa que não seja maledicência; não tem um jornal”, relata ela sobre a Imperatriz do início dos anos 1920.

Mulher das letras, hoje ela ficaria feliz de encontrar uma cidade, ainda com muitos problemas, mas que tem uma Academia de Letras, que não deixa de ser um grêmio literário, tem um jornal diário, há 53 anos e que a cidade se consolidou como polo educacional, comercial e industrial.

Ela ficaria feliz, sim!

 

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11/07/2023

Firmeza e Humanidade 1638, primeira Loja Maçônica da região tocantina maranhense completa 60 anos

 

ElsonMAraujo

A rodovia Belém Brasília foi inaugurada no início da década de 1960 e essa obra mudou para sempre uma ainda acanhada Imperatriz, até então desconhecida e isolada. A rodovia, saída dos sonhos do visionário mestre maçom e presidente da República, Juscelino Kubitschek, libertou a terra fundada pelo frei Manoel Procópio e despertou um grande processo imigratório com a chegada de gente de todas as regiões do País em busca de uma vida melhor. De carro, a pé, ou no lombo de animais famílias inteiras na cidade se estabeleceram. E de uma ora para outra, a população da cidade explodiu.



Naqueles anos, Imperatriz já abrigava uma incipiente elite, formada por comerciantes, produtores rurais e funcionários públicos. O caldeirão político era fervente. O jovem contabilista João Menezes de Santana, que havia trabalhado como contador na construção da Belém/Brasília, depois de uma ferrenha campanha venceu a eleição, para o quadriênio 1961-1964, mas teve o mandato cassado pela Câmara Municipal, num tumultuado processo, e acabou sendo substituído pelo vice-prefeito Pedro Ribeiro Gonçalves. (Pedro Guarda)

No âmbito nacional, os anos 1960   foram marcados por grandes mudanças. O país ainda se ressentia, e se recuperava da crise de 1961, que havia levado à renúncia do presidente Jânio Quadros e à adoção de um breve sistema parlamentarista. Em 1963, o Brasil voltou ao sistema presidencialista, e o presidente João Goulart assumiu plenos poderes. Numa nova crise política, João Goulart é deposto e o País passa a ser governado pelos militares.

Foi em meio a esse a esse processo de ebulição política/econômica que no dia cinco de novembro de 1963, solenemente em Marabá (PA) era fundada a Loja Maçônica Firmeza e Humanidade de Imperatriz. O nome homenageia a “Loja Mãe”, a Firmeza e Humanidade Marabaense número 06.

Iniciado   na década de 1970, o mestre maçom Carlos Bandeira confirma a informação, e acrescenta que o início da ordem maçônica em Imperatriz aconteceu dessa forma por conta das dificuldades de acesso, naquela época, com a maçonaria de São Luís. Além dos mais, revela ele, as ligações de comércio e negócios de Imperatriz, aconteciam era com a cidade de Marabá.  A afinidade era maior, segundo ele. Outro mestre maçom nascido na Firmeza Imperatrizense Nelson Bandeira, confirma a informação.


A caminhada- A reportagem apurou que naquela época alguns jovens senhores da cidade já integravam a ordem, mas as reuniões aconteciam, uma vez por mês, na Loja Maçônica Firmeza e Humanidade Marabaense número 06, na cidade de Marabá (PA).

Hoje, para   vencer de carro os 234 quilômetros até Marabá, demora-se 3 horas e 46 minutos. Naquele tempo, a maneira mais fácil de se chegar àquela cidade, ou era pelas águas do Rio Tocantins, ou nos pequenos aviões. Mesmo com dificuldade de acesso, os iniciados de Imperatriz conseguiam se deslocar até a cidade paraense, e assim participar das reuniões.

O que se depreende do que já foi publicado a respeito, é que a atitude dos jovens maçons da cidade, pelo que se informa, iniciados em 1962, entre eles Renato Cortez Moreira, José de Ribamar Cunha, Moacir Campos Milhomem, Coriolano Milhomem, Aderson Baiano da Silva, Josino Gomes Bandeira e Enéas Fontinele Bastos, sensibilizou a Grande Loja do Estado do Pará, que   assim outorgou-lhes a autorização para fundar a ordem maçônica em Imperatriz.

Foi assim, que os motivados senhores em 5 de novembro de 1963 fundaram a Loja Maçônica Firmeza e Humanidade Imperatrizense, a primeira Loja Maçônica em solo imperatrizense,  com reflexos em toda a região.

Um fato curioso revelado pelos mestres maçons Carlos e Nelson Bandeira, e confirmado em uma peça histórica apresentada em loja em 2010, pelo mestre maçom Anderson, é que para que a fundação da ordem pudesse se tornar uma realidade em Imperatriz, os jovens Renato Cortez Moreira, José de Ribamar Cunha, Moaci Campos Milhomem, Coriolano Milhomem, Aderson Baiano da Silva, Josino Gomes Bandeira e Enéas Fontinele Bastos, num único dia, foram iniciados, elevados e exaltados. Um fato histórico, até hoje considerado raro, e que só teria ocorrido, até então com o imperador do Brasil, Dom Pedro I.

Conhecedor da história da loja, Carlos Bandeira revela que inicialmente os obreiros da recém criada loja maçônica se reunião numa casa alugada ali na hoje Rua XV de Novembro (Avenida Frei Manoel Procópio) e ali permaneceu até deixar os auspícios da Grande Loja Paraense e se incorporar ao Grande Oriente do Maranhão. Dessa forma, do dia 13 de maio de 1966 em diante, já como Grande Oriente, a Loja muda de endereço próprio, passando a funcionar na Rua Godofredo Viana, próximo ao antigo Clube Tocantins.

“Posteriormente o imóvel foi vendida para fazer caixa para que fosse construída a sede definitiva” revela Carlos Bandeira

 

Pedra fundamental



 Fora a fundação, em cinco de novembro de 1963, e a mudança de potência em 13 de maio de 1966, outro ano importante para a Firmeza dos 60 anos, foi 1969. Naquele ano, sob o veneralato de Pedro Ramos Rocha, foi lançada a pedra fundamental para a construção do templo. Cinco anos depois, e em 15 de dezembro de 1974, sob a liderança do Venerável Mestre Ubirajara Parreira, o templo foi consagrado em seu terceiro e atual endereço na Rua Coriolano Milhomem, nº 1345 – Praça Tiradentes.

 

A FIRMEZA HOJE

Atualmente a Loja Maçônica Firmeza e Humanidade, que se reúne às quintas-feiras, conta com mais de 40 obreiros. Em seus quadros estão pequenos e grandes comerciantes, empresários, industriais, representantes comerciais, vendedores, profissionais liberais, e professores.

O atual venerável mestre José de Ribamar Cunha Filho, (Ribinha Cunha)  que é filho de um dos fundadores, ressalta que ao longo de todos esses anos, a Firmeza, com a discrição que a ordem exige, tem contribuído, em todas as áreas, para o crescimento e o desenvolvimento de Imperatriz e região, e até do Maranhão.

Segundo ele, a maçonaria tem o condão de gerar líderes, cada um nas suas áreas de atuação. Dessa forma, da loja já saíram vários vereadores, secretários municipais, prefeitos, vice-prefeitos, deputados; além da formação de diversas lideranças classistas e empresariais.

 “Nossos irmãos estão em todos os lugares sempre influindo para a formação de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária” destacou o venerável mestre.


Em um artigo alusivo aos 60 anos da Firmeza, Ribinha Cunha ressalta a satisfação de comandar a loja nesta data, para ele histórica, simbólica e sentimental.

“Eu, como tantos outros, somos frutos dessa Mãe que aqui foi acolhida há exatos 60 anos. Impossível disso não se orgulhar, já que meu pai José de Ribamar Cunha, foi um dos primeiros filhos gerados nessa jornada inacabada. Somos sabedores que muito ainda temos que caminhar na busca pela tão almejada Perfeição”. destacou.

Para o venerável mestre naqueles tumultuados anos, de grandes transformações no País, não deixa de ter sido um ato de coragem e desprendimento, aqueles jovens senhores, diante de todas as dificuldades, terem fundado a ordem maçônica em Imperatriz e dessa forma, mudado os rumos da cidade e da região.

“Quando olho a fotografia de tantos momentos históricos, fico a imaginar o impacto daquele acontecimento na distante Imperatriz dos anos 1960, desde aquela época, uma Cidade com muitas dificuldades e carências. Fundar a ordem maçônica em Imperatriz naquele tempo, foi realmente um ato de muita coragem”, completou Ribamar Cunha Filho.

Sobre as comemorações aos 60 anos de fundação da firmeza, o venerável informou que nos próximos dias será realizada uma reunião conjunta, dia 30 de novembro, com todas do macropolo, o lançamento de um livro sobre a Firmeza e maçonaria da região tocantina e ainda um documentário.

“Temos muito o que comemorar, temos muita obra pela frente”, concluiu o venerável.

 

 FOTOS (ARQUIVOS DA LOJA- MUSEU VIRTUAL- ACERVO FERNANDO CUNHA) 

10/25/2023

Professores do curso de Jornalismo da UFMA lançam e-book com estudos sobre o jornal O Progresso



Da Assessoria

Professores do curso de Jornalismo da UFMA, de Imperatriz, estão lançando um e-book que reúne doze artigos decorrentes de pesquisas acadêmicas que tiveram o Jornal o Progresso como objeto de estudos. Organizado pelos professores doutores, Marcos Fábio Belo Matos e Marco Antônio Gehlen, o e-book denominado “O papel de O Progresso: o jornal como corpus de pesquisas nas áreas de Jornalismo e Comunicação” já está disponível no site da Editora Edufma para download gratuito, mas a publicação deve ser lançada no XVII Simcom, o Simpósio de Comunicação da Região Tocantina, que ocorrerá em dezembro, na UFMA de Imperatriz.

Com 264 páginas, o livro está em seu primeiro volume e é uma organização de doze estudos das áreas de comunicação e jornalismo realizados por docentes, pesquisadores e ex-alunos dos cursos de graduação e especialização da UFMA. No total, 24 autores assinam os artigos que perpassam por temáticas como: o jornal como fonte de pesquisa, a estética e design do jornal, análises sobre a presença de homicídios no noticiário, análises da cobertura de eleições e outros eventos de Imperatriz, análises da cobertura da política, análises dos usos de releases e de materiais de assessorias, análises do suplemento infantil que circulou de 1986 a 1987, análises fotográficas de candidatos a cargos políticos, entre outros assuntos.

De acordo com os organizadores, a ideia nasceu ainda em 2019, quando decidiram fazer uma publicação que servisse, entre outras coisas, para homenagear o cinquentenário do jornal, que se daria em 2020, uma vez que o curso de Jornalismo frequentemente recorria ao impresso para pesquisas de toda ordem. “A ideia foi atropelada pela pandemia da Covid-19, que alterou nossas rotinas de vida e de trabalho. O projeto só foi retomado em 2023, com a convicção de que, mesmo já tendo perdido o timming do aniversário, ainda assim valeria a pena transformar os artigos recebidos em um e-book”, explicou o professor Marcos Fábio.

No prefácio, os autores lembram que o jornal O Progresso, que existe desde 1970, funciona como uma representação do que ocorria na região do sudoeste maranhense, num tempo em que estava em ebulição um crescimento, representado, principalmente, pela inauguração da rodovia Belém-Brasília e tudo o que chegou pelo asfalto: pessoas, ciclos econômicos, caminhões, telecomunicações, conflitos. “O epicentro desta movimentação foi a cidade de Imperatriz, sede do jornal. Fruto da junção de um gráfico e um jornalista (José Matos Vieira e Jurivê Macedo), desde o seu nascimento, O Progresso faz questão de se intitular e fazer representar como o arauto daquele momento bonançoso. E assim, com essa representatividade, cruzou as décadas e chegou até os dias de hoje – um periódico de meio século, que tem muita história para contar”, ressaltam os autores, ao destacar que parte dessa história está também representada no livro.

“Escolhemos O Progresso pela potencialidade como documento histórico e social que merece este olhar mais atento da academia”, completou Marco Gehlen. Segundo os autores, o e-book lança um olhar relevante, a partir de diversas visões epistemológicas sobre o terceiro mais antigo jornal maranhense em atividade. “Que os estudos reunidos possam circular entre estudantes, professores e pesquisadores das mais diversas áreas e demais interessados e seja encarado como um espelho a partir do qual se enxergue a sociedade de Imperatriz e região”. Os professores pretendem lançar em 2024 um segundo volume que reunirá novos estudos, já produzidos ou em desenvolvimento, sobre o jornal.

Ficha:
E- book: 
O papel de O Progresso: o jornal como corpus de pesquisas nas áreas de Jornalismo e Comunicação.
Organizadores: Marcos Fábio Belo Matos, Marco Antônio Gehlen.
ISBN (Livro Digital): 978-65-5363-292-9
Ano de publicação: 2023; 264 páginas.

Link da Editora para baixar o e-book: https://www.edufma.ufma.br/index.php/produto/o-papel-de-o-progresso/


Sobre os organizadores do E-book (fotos dos organizadores no anexo):

Marcos Fábio Belo Matos - Licenciado em Língua Portuguesa, bacharel em Comunicação Social Jornalismo, especialista em Língua Portuguesa, mestre em Comunicação e Cultura, doutor em Linguística e Língua Portuguesa e pós-doutor em Comunicação. Membro do Grupo de Pesquisa em Língua, Discurso, Mídia e Educação (Lidime), da Ufma Imperatriz. Atualmente, é professor associado III dos Cursos de Pedagogia e Jornalismo do CCIm, UFMA - Imperatriz. Autor de 34 obras, entre textos acadêmicos e literários. É membro da Academia Bacabalense de Letras (ABL), da Academia Imperatrizense de Letras (AIL) e do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI). Na gestão 2019-2023, foi Diretor de Comunicação e Vice-reitor da UFMA. E-mail: marcos.fabio@ufma.br .

Marco Antônio Gehlen - Pós-doutor em Ciência da Comunicação pela Universidade Fernando Pessoa, em Porto, Portugal; doutor em Comunicação pela PUCRS (2016), mestre em Agronegócios pela UFMS (2009), especialista em Comunicação Empresarial e graduado em Comunicação Social - Jornalismo. É professor adjunto e pesquisador no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus de Imperatriz (MA), desde 2009. Foi coordenador do curso na gestão 2021-2022 e gestor de Infraestrutura da UFMA em Imperatriz na gestão 2022-2023. E-mail: marco.gehlen@ufma.br .

Autores que integram os artigos:

Domingos Alves de Almeida; Francisca Daniela dos Santos Souza; Idayane da Silva Ferreira; Izani Mustafá; Nayane Cristina Rodrigues de Brito; Rhaysa Novakoski Carvalho; Larissa Pereira Santos; Denise Cristina Ayres Gomes; Dailane Silva Santana; Letícia Feitosa Barreto; Laura Glapinski Zacca; Thays Assunção Reis; Rodrigo Nascimento Reis; Antônio Carlos Santiago Freitas; Leonam Alves de Sousa Moraes; Roseane Arcanjo Pinheiro; Sara Cristina da Silva Ribeiro; Gabriela Almeida Silva; Thaísa Bueno; Marcos Fábio Belo Matos; Letícia Holanda de Sousa; Marco Antônio Gehlen; Rosana Ferreira Barros e Marcus Túlio Borowiski Lavarda.

10/20/2023

E se parar de chover ? Alterações nos Padrões de Chuva e Seca

 

É “chover no molhado” dizer que a água é essencial para a vida e que desempenha um papel fundamental em todos os aspectos do nosso planeta. Desde a água que bebemos até a água utilizada na agricultura, sua disponibilidade e distribuição desempenham um papel importante em nossas vidas. No entanto, as alterações nos padrões de chuva e seca estão ameaçando a estabilidade desse recurso vital e afetando significativamente a agricultura. Vejam o exemplo preocupante e recente na Amazônia brasileira. Como diria minha saudosa mãe, sinais dos tempos.

O dois lados da mesma moeda- Os padrões de chuva e seca são uma parte fundamental dos ecossistemas da Terra. Quando a chuva é abundante e ocorre regularmente, os ecossistemas têm água suficiente para prosperar. No entanto, a escassez de chuva, ou seja, períodos de seca, pode causar sérios problemas para a disponibilidade de água doce e a agricultura. Infelizmente, as mudanças climáticas estão perturbando esses padrões naturais.

As alterações nos padrões de chuva, e seca, segundo especialistas na matéria, afetam diretamente a disponibilidade de água doce em várias formas. Primeiro, a recarga de aquíferos subterrâneos depende das chuvas, e a falta de precipitação adequada pode esgotar essas reservas essenciais de água. Além disso, as secas prolongadas em rios e lagos reduzem a quantidade de água disponível para consumo humano, industrial e agrícola.

A diminuição da disponibilidade de água doce não afeta apenas as áreas áridas, mas também regiões anteriormente consideradas abundantes em água. O resultado é a competição crescente por recursos hídricos, o que pode levar a conflitos e crises de água em muitas partes do mundo.

Será que teremos num futuro não tão distante, “guerra pelo controle de aquíferos?


A agricultura é altamente dependente da água para o cultivo de safras e a criação de gado. As mudanças nos padrões de chuva e seca têm um impacto direto na produtividade agrícola. A falta de chuvas adequadas pode levar à seca, que pode resultar na perda de safras, escassez de alimentos e aumento dos preços dos produtos agrícolas.

Além disso, as inundações repentinas causadas por chuvas intensas também podem prejudicar a agricultura, destruindo plantações e levando à erosão do solo. Isso representa um desafio significativo para os agricultores que dependem de condições climáticas previsíveis para planejar suas safras.

Diante desses desafios, a adaptação e a mitigação são essenciais. A adaptação envolve a implementação de práticas agrícolas mais resilientes, como o uso de métodos de irrigação mais eficientes e a seleção de cultivos adequados às condições locais. A gestão sustentável da água também desempenha um papel fundamental na proteção dos recursos hídricos.

Além disso, a mitigação das mudanças climáticas é crucial. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa ajuda a limitar o aumento das temperaturas globais, o que, por sua vez, pode ajudar a estabilizar os padrões de chuva e seca.

Pode se dizer, diante do quadro de degradação ambiental que o mundo vive atualmente, que as alterações nos padrões de chuva e seca representam um desafio significativo para a disponibilidade de água doce e a agricultura em todo o mundo.

À medida que as mudanças climáticas continuam a afetar nosso planeta, a busca por soluções inovadoras e práticas sustentáveis se torna cada vez mais urgente. A gestão responsável dos recursos hídricos, a promoção da resiliência agrícola e a redução das emissões de gases de efeito estufa são etapas fundamentais para enfrentar esse desafio e garantir a segurança alimentar e a disponibilidade de água doce para as gerações futuras.

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